Cerca de 500 famílias se recusam a sair de Três Vendas, diz Defesa Civil
Moradores temem que casas sejam saqueadas em localidade de Campos.
Água do Rio Muriaé parou de subir, mas inundação persiste, diz coronel.
O coronel Moacir Pires, coordenador Defesa Civil estadual no Norte Fluminense, disse que até o meio-dia desta sexta-feira (7) não conseguiu convencer nenhum dos moradores da localidade Três Vendas, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, a deixar suas casas. Das mil famílias que vivem na região, 500 permanecem na comunidade, segundo cálculos da prefeitura de Campos.O coronel disse ainda que a água Rio Muriaé parou de subir. Mas ainda há risco para os moradores, já que o escoamento de toda a água vai demorar a ocorrer. Ele teme que as estruturas das casas fiquem abaladas com a inundação.
“Os moradores estão achando que a água vai baixar logo. Eles estão irredutíveis”, disse o coronel. A comunidade sofre com uma inundação depois que um dique se rompeu na quinta-feira (5).
Moradores temem saques
O morador Joilson Ferreira, de 40 anos, vive há 30 anos na localidade e disse que não vai sair de casa. Ele contou que já passou por outra enchente em 2008, quando o local também ficou inundado. Na ocasião, segundo ele, as casas abandonadas durante a enchente foram saqueadas.
“Já estamos acostumados. Meu pai até vendeu o carro e comprou um barco. Para nós o barco é mais útil do que um carro ou uma moto”, disse ele, chegando de barco à margem BR-356, para dar carona a outros vizinhos que foram conferir o estado de suas casas.
A casa de Marciano Machado Pitanga já estava com o primeiro andar totalmente tomado pelas águas, mas ele também não pretende sair do local. Ele colocou móveis e pertences no segundo andar imóvel onde passou a noite. Nesta manhã, Marciano conseguiu carona num barco para chegar a BR- 356 onde trabalha num trailer.
"Não vou sair. Tenho medo de saques. Sou da Bahia, estou aqui há pouco tempo e me contaram que quando tem enchentes e a gente sai de casa, tem saque", contou ele.
Energia cortadaA energia elétrica foi cortada em Três Vendas nesta manhã por causa do volume de água que invadiu a comunidade, segundo o secretário de Defesa Civil da cidade, Henrique Oliveira.
Um abrigo para os moradores foi montado em Travessão, distrito de Campos onde fica a localidade de Três Vendas. O secretário acredita que nesta sexta o volume de água que invadiu a comunidade não deverá subir, pois já alcançou o nível do Rio Muriaé.
Mais cedo, o major Edson Pessanha, comandante adjunto da Defesa Civil da cidade, disse ao G1 que o nível da água pode chegar a 3 metros de altura em alguns pontos de Três Vendas. A tendência, no entanto, é que no fim do dia as águas que invadiram a comunidade se igualem ao Rio Muriaé e se estabilizem em dois metros de altura, segundo Pessanha.
Como a localidade fica abaixo nível do rio, a BR-356 funciona como um dique para conter as águas. Mas, com o afundamento de um trecho e o grande volume de água do rio, causado pelas chuvas durante a semana, a inundação da comunidade não poderia ser evitada, explicou o major.
Sem emergências
Pessanha disse, ainda, que durante a madrugada não houve qualquer emergência em relação às famílias que decidiram permanecer em suas casas. Equipes da Defesa Civil passaram a madrugada no local caso houvesse necessidade de retirar os moradores com rapidez.
Nesta manhã, equipes da Defesa Civil farão uma visita aos abrigos da cidade para onde os moradores foram levados.
Casal diz que vai sair
Na quinta-feira, quem mora em casas térreas aceitou a ajuda de bombeiros para carregar caminhões com móveis e seguir de mudança provisória para a casa de parentes ou para abrigos da prefeitura.
Casal com a filha de 11 meses nos braços foi para estrada ver estragos de rompimento de dique em
Campos (Foto: Lilian Quaino/G1)
Tatiana Pessanha, com a filha Jamile, de 11 meses, nos braços, e o marido Lucas Florbelis, olhavam, na quinta, o trecho da estrada rompido, e as águas que avançavam. "Viemos ver se é grave mesmo para ver se temos que sair de casa. Já vi que vamos fazer ter que sair sim. Mas vamos para casa de parentes num local mais alto", disse.Campos (Foto: Lilian Quaino/G1)
Em 2008, quando ainda não estavam casados, eles também tiveram de sair de suas casas por causa da enchente causada também pelo desmoronamento daquele trecho da estrada. Tatiana foi para casa de parentes e Lucas teve que acampar num morro até ser acolhido por um primo.
O dono de um bar bem na entrada de Três Vendas encheu um caminhão com mercadorias para sair do local que deverá ser alagado. A Prefeitura de Campos coloca pedras na entrada da comunidade para tentar conter a água do Rio Muriaé, que ameaça invadir o local após o rompimento de um trecho da BR-356.
Risco de desmoronamento
Agentes da Defesa Civil disseram ainda que adiante do ponto onde ocorreu o rompimento da estrada existem mais três pontos de alto risco de desmoronamento, porque o acúmulo de água está causando assoreamento.
Segundo o vice-prefeito de Campos, Francisco Oliveira, em 2008, a estrada se rompeu no mesmo trecho e toda a comunidade teve de ser evacuada. "O Dnit recuperou o trecho e em dois meses os moradores voltaram. Agora ruiu de novo. Estamos aguardando a equipe do Dnit para saber quais serão as providências", disse.
Segundo o Dnit, a BR-356/RJ, no local da ruptura do corpo estradal, vem funcionando como um dique – sem nunca ter sido projetada para este fim. O órgão diz que recuperou o asfalto da rodovia – neste trecho - em 2010/2011, e foram instaladas manilhas que tinham como objetivo permitir a passagem de água de chuva e não dar vazão às águas da cheia do rio Muriaé.
Na quinta-feira, o Ministério da Integração Nacional e o governo do estado do Rio liberaram uma verba de R$ 40 milhões para construção um extravasor de cheias do Rio Muriaé, obra que será realizada no município de Laje do Muriaé, no Noroeste Fluminense. A obra, de acordo com o prefeito José Eliezer Tostes Pinto, vai acabar com as inundações na cidade e vai beneficiar diretamente cerca de 20 mil moradores.
Em Itaperuna, a prefeitura da cidade calcula que 5 mil pessoas estão desalojadas e outras 60, desabrigadas. Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, capitão Joelson Oliveira, a água subiu 1,3 metros acima do limite no Rio Muriaé.
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Filha da mulher estava e um menino não identificado ficaram feridos.
Um casal foi encontrado morto após um desabamento em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, nesta sexta-feira (6). De acordo com o Corpo de Bombeiros, eles foram soterrados, após a casa deles desabar. A Defesa Civil Estadual disse que vai apurar se essas mortes vão constar como vítimas de chuva. A filha da mulher, de 16 anos, e um menino de 11 anos ainda não identificado foram socorridos pela corporação.
A Defesa Civil da cidade informou que há várias regiões alagadas e que houve muitas ocorrências devido a forte chuva desta madrugada. Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), o nível do Rio Doce, às 8h50 estava 3,96 metros acima do normal.
De acordo com a prefeitura da cidade, na tarde desta quinta-feira (5), a prefeita Elisa Costa se reuniu com a Defesa Civil municipal e decretou situação de emergência no município por causa das áreas alagadas e número de desabrigados.
A Coordenadoria de Defesa Civil de Minas Gerais investiga três mortes registradas no estado que podem ser atribuídas às chuvas. Os óbitos foram em Guaraciaba e em Ponte Nova, na Zona da Mata; e em União de Minas, no Triângulo Mineiro.
De acordo com a corporação, em Guaraciaba, um homem de 23 anos tentou atravessar uma rua inundada, e foi arrastado pelo Rio Piranga, que havia transbordado. Quando o corpo foi encontrado, os chinelos estavam nas mãos o que, para a Defesa Civil, era um sinal de que ele tentou vencer as águas.
Em Ponte Nova, um homem de 28 anos tentava atravessar pela proteção da ponte na cidade, que estava inundada, foi atingido por uma descarga elétrica depois de encostar em um poste de iluminação pública. Ele ficou imóvel por alguns minutos, até ser levado pela enxurrada.
Em União de Minas, no Triângulo Mineiro, o corpo de um homem de 24 anos foi encontrado às margens do Rio Arantes, a cerca de quatro quilômetros do local de onde desapareceu. Segundo a Defesa Civil, relatos oficiais na cidade disseram que ele e e um outro homem tentaram atravessar o rio a cavalo, mas foram surpreendidos pela força da água. O segundo homem está desaparecido.
Números
De acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais, oito pessoas já morreram no estado desde o começo do período de chuvas, em outubro. Uma mulher está desaparecida em Santo Antônio do Rio Abaixo. No total, 142 municípios foram atingidos pelas tempestades durante o período, afetando cerca de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 9.880 pessoas estão desalojadas e outras 512 estão desabrigadas. Até esta quinta-feira (5), 101 casas e 89 pontes foram destruídas.
Casal soterrado é encontrado morto em Governador Valadares
Filha da mulher estava e um menino não identificado ficaram feridos.
Outras três mortes estão sob investigação pela Defesa Civil estadual.
Um casal foi encontrado morto após um desabamento em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, nesta sexta-feira (6). De acordo com o Corpo de Bombeiros, eles foram soterrados, após a casa deles desabar. A Defesa Civil Estadual disse que vai apurar se essas mortes vão constar como vítimas de chuva. A filha da mulher, de 16 anos, e um menino de 11 anos ainda não identificado foram socorridos pela corporação.
A Defesa Civil da cidade informou que há várias regiões alagadas e que houve muitas ocorrências devido a forte chuva desta madrugada. Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), o nível do Rio Doce, às 8h50 estava 3,96 metros acima do normal.
Rua de Governador Valadares fica alagada após cheia do Rio Doce
(Foto: Daniel Antunes/Hoje em Dia/AE)
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Outras mortes em investigaçãoA Coordenadoria de Defesa Civil de Minas Gerais investiga três mortes registradas no estado que podem ser atribuídas às chuvas. Os óbitos foram em Guaraciaba e em Ponte Nova, na Zona da Mata; e em União de Minas, no Triângulo Mineiro.
De acordo com a corporação, em Guaraciaba, um homem de 23 anos tentou atravessar uma rua inundada, e foi arrastado pelo Rio Piranga, que havia transbordado. Quando o corpo foi encontrado, os chinelos estavam nas mãos o que, para a Defesa Civil, era um sinal de que ele tentou vencer as águas.
Em Ponte Nova, um homem de 28 anos tentava atravessar pela proteção da ponte na cidade, que estava inundada, foi atingido por uma descarga elétrica depois de encostar em um poste de iluminação pública. Ele ficou imóvel por alguns minutos, até ser levado pela enxurrada.
Em União de Minas, no Triângulo Mineiro, o corpo de um homem de 24 anos foi encontrado às margens do Rio Arantes, a cerca de quatro quilômetros do local de onde desapareceu. Segundo a Defesa Civil, relatos oficiais na cidade disseram que ele e e um outro homem tentaram atravessar o rio a cavalo, mas foram surpreendidos pela força da água. O segundo homem está desaparecido.
Números
De acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais, oito pessoas já morreram no estado desde o começo do período de chuvas, em outubro. Uma mulher está desaparecida em Santo Antônio do Rio Abaixo. No total, 142 municípios foram atingidos pelas tempestades durante o período, afetando cerca de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 9.880 pessoas estão desalojadas e outras 512 estão desabrigadas. Até esta quinta-feira (5), 101 casas e 89 pontes foram destruídas.
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Economia
Taxa do IPCA é a maior desde 2004, segundo dados do IBGE.
A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2011 em 6,50%, na maior taxa anual desde 2004, quando ficou em 7,60%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2010, o indicador ficara em 5,91%.
Com o resultado, a inflação oficial ficou no teto da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, o que permite que a taxa varie de 2,5% a 6,5% sem descumprir a meta formalmente. Segundo Eulina Nunes dos Santos, da Coordenação de Índice de Preços do IBGE, a taxa do IPCA de 2011 "foi arredondada a partir de 6,4994%".
Em dezembro, o IPCA ficou em 0,50%, mostrando desaceleração frente à taxa do mês anterior, quando registrara variação de 0,52%.
“Há uma grande concentração do IPCA no primeiro trimestre de 2011, que ficou em 2,44%, por causa da influência do grupo educação. No primeiro trimestre do ano são realizados os reajustes dos preços das escolas, que tem uma importância muito grande na formação do IPCA e pesa no orçamento das famílias. Além disso, alimentos e ônibus também contribuíram para o valor do primeiro trimestre”, apontou Eulina, do IBGE.
“No segundo trimestre, os alimentos continuaram pressionando, mas de forma mais branda (...). No terceiro trimestre, os alimentos já não pressionaram tanto (...) De outubro a dezembro, os alimentos voltaram a pressionar, bem como o reajuste da gasolina, por conta da alta do etanol”, disse.
Grupos e itens
Na comparação com 2010, a maioria dos grupos apresentou variação maior. Transportes foi destaque, com alta de 6,05% em 2011, ante 2,41% no ano anterior. As exceções foram alimentação e bebidas e artigos de residência, cujas taxas perderam força de um ano para outro, passando de 10,39% para 7,18% e de 3,53% para 0,0%, respectivamente.
A maior alta de preços entre os itens pesquisados pelo IBGE foi verificada nas passagens aéreas, de 52,91%, seguida pela do quiabo (47,05%) e da mandioca (47,04%).
"As passagens aéreas ficaram mais altas porque teve alta no querosene de aviação. O IBGE pesquisa rotas destinadas a lazer ou visitas à família. Porque os destinos típicos de trabalho, quem paga são as empresas”, explica a pesquisadora do IBGE. “O Rock in Rio, no Rio de Janeiro, e a turnê do Cirque du Soleil por alguns estados, também provocaram o aumento da demanda”.
Mas apesar da alta menor frente a 2010, a inflação do grupo alimentação e bebidas foi a que mais exerceu impacto no bolso dos brasileiros no ano. "Responsáveis por 23,46% do orçamento das famílias, o grupo se apropriou de 1,69 ponto percentual do índice, o que representa 26% dele", aponta o IBGE em nota.
Ainda de acordo com o instituto, o principal responsável pela alta de preços foi a alimentação fora de casa, que ficou 10,49% mais cara em 2011. Os alimentos dentro do domicílio subiram bem menos: 5,43%.
“Nós temos mais empregos, a renda aumentou e isso leva as pessoas a comerem fora. Com a demanda aquecida, você tem mais condições de repassar esses preços. Temos também a pressão do salário mínimo, que é repassada para a folha de pagamentos de funcionários dos restaurantes. A alta do aluguel também pesa no somatório final que leva o grupo alimentação fora do domicílio a ter um aumento percentual”, diz Eulina.
Os gastos com educação também pesaram, com o item colégios respondendo por 0,4 ponto percentual da inflação de 2011, o segundo maior impacto individual, graças à alta de 8,09% no ano. A posição no ranking foi dividida com gastos com empregados domésticos, que representaram mais 0,4 ponto do IPCA, com alta de 11,37% em 2011.
O IBGE destaca ainda que houve alta nos preços de diversos serviços, como manicure (11,29%) e cabeleireiro (9,88%), o que fez com que o grupo despesas pessoais fechasse o ano com taxa de 8,61%, a maior entre os pesquisados pelo instituto.
Em dezembro, as maiores altas na comparação com o mês anterior foram registradas nos grupos alimentação e bebidas (1,23%) e vestuário (0,80%).
“Esses dois grupos apresentaram uma variação sazonal, por causa das festa de fim de ano. Produtos típicos dos churrascos de comemoração de fim de ano, como carne, frango, além das bebidas, alcoólicas e não alcoólicas, são muito procurados e tiveram aumento no fim do ano”, explica Eulina. “As carnes foram o principal item a pressionar o IPCA de dezembro. Apesar da queda constante ao longo do ano, o item teve alta de novembro para dezembro”
Habitação, saúde e vestuário
Em 2011, os brasileiros também viram aumentar em 11,01% os preços dos aluguéis, e 8,30% as taxas de água e esgoto, contribuindo para levar a 6,75% as despesas com habitação.
Cuidar da saúde também ficou mais caro: as mensalidades de planos de saúde cresceram 7,54%, e houve altas nos preços dos serviços de hospitalização e cirurgia (11,63%), dentistas (9,03%) e remédios (4,39%), resultando em uma taxa de 6,32% no grupo saúde e cuidades pessoais.
Dentre os demais grupos pesquisados, o de artigos de vestuário fechou o ano com alta de 8,27%; o de artigos de residência não teve variação, enquanto o grupo comunicação apontou alta de 1,52%.
“A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) foi importante para conter o IPCA, e levou o resultado do grupo artigos de residência de 3,53% em 2010 para 0% em 2011”, diz a pesquisadora.
Regiões
Entre as 11 regiões pesquisadas pelo IBGE, Curitiba teve a maior inflação no ano passado, de 7,13%, seguida por Brasília, com 7,01%. Já a manor taxa foi verificada em Belém, com 4,74%.
INPC
O IBGE também divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a seis salários mínimos e chefiadas por assalariados, terminou o ano de 2011 com taxa de 6,08%, abaixo da registrada pelo IPCA e menor que a taxa de 2010, quando ficara em 6,47%.
A variação menor foi influenciada pela menor alta dos preços dos alimentos, que têm maior peso na cesta da população de mais baixa renda: em 2010, esses itens haviam subido 10,82%, enquanto em 2011 a alta ficou em 6,27%.
Segundo advogado, gravação registrou acidente na Zona Sul de SP.
A defesa de Landerson Rodrigues, marido da comerciante Lilian Maria dos Santos, morta em um acidente de trânsito na madrugada de 1º de janeiro, admitiu na manhã desta sexta-feira (6) que ele ultrapassou o sinal vermelho. Rodrigues foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar). Imagens registradas por câmeras na região da colisão, na Zona Sul de São Paulo, mostram que ele ultrapassou o sinal vermelho, segundo o advogado Marco Antônio Arantes de Paiva. Lilian estava grávida de 7 meses – o bebê também morreu após nascer prematuramente.
De acordo com o advogado, apesar de as imagens mostrarem que o semáforo não estava aberto, Rodrigues mantém a versão dada anteriormente – para ele, o sinal estava verde. Por isso, o indiciamento não foi visto como surpresa. “Absolutamente normal, diante do conjunto de documentos e até do laudo, que mostra de forma insofismável que ele se enganou quando disse que o sinal estava verde na pista em que ele estava”, afirmou Paiva.
De qualquer maneira, segundo o advogado, o motorista do outro carro envolvido no acidente, o representante comercial Carlos Alberto Aparecido Dias Fiore, estava em alta velocidade e embriagado.
“Se ele foi no amarelo, tentou aproveitar, é um ponto negativo. A velocidade com que ele bateu se vê claramente que era alta – outro ponto negativo. No exame clínico, ele está embriagado”, afirmou Paiva, que disse que nas imagens é possível ver que outro carro conseguiu desviar do veículo do casal antes do acidente. “Ele estava em uma velocidade baixa, porque ele tinha acabado de cruzar à esquerda, estava em primeira ou segunda [marcha] no máximo.”
Fiore foi preso e indiciado pelos crimes de embriaguez ao volante, trafegar em velocidade incompatível, homicídio doloso e lesões corporais. Nesta quarta-feira (4), a Justiça fixou uma fiança de R$ 20 mil. Até a manhã desta sexta o Tribunal de Justiça ainda não tinha confirmação do pagamento da fiança. O G1 não conseguiu falar com os advogados de Fiore.
O delegado responsável pelas investigações, Airton Sante Amore, do 16º Distrito Policial, disse nesta semana que as responsabilidades de Fiore no acidente não seriam alteradas mesmo que fosse comprovado que o carro onde estava grávida passou no sinal vermelho.
Reação
Segundo o advogado de Rodrigues, seu cliente reagiu mal ao indiciamento e ainda está muito abalado com o acidente. “Ele não quis nem ver a imagem. Ele disse ‘para mim eu estava no verde’. A gente nota que há um bloqueio realmente”, disse Paiva. “Ele se confundiu, com certeza. Ninguém ia fazer o que ele fez.”
O advogado disse que ainda não sabe por que motivo foi registrado no boletim de ocorrência que era Lilian que dirigia o carro, como foi relatado pelos policiais militares que atenderam a ocorrência. “A forma como ele ficou parece que ele foi muito deslocado. Talvez ele estivesse tentando proteger a mulher. Por isso acharam que ela estava dirigindo, porque dá essa impressão”, afirmou.
“Vamos aguardar se o promotor oferece denúncia por homicídio culposo contra o Landerson e doloso contra o rapaz, e pode haver uma rejeição da denúncia. Pode haver o perdão judicial, porque o mal do acidente é muito maior a ele do que à sociedade, ele perdeu a mulher e filho. A princípio, faltaria interesse social.”
Economia
Inflação fecha 2011 em 6,50%, no teto da meta do BC
Taxa do IPCA é a maior desde 2004, segundo dados do IBGE.
Passagens aéreas foram item que mais subiu, com variação de 52,91%.
A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2011 em 6,50%, na maior taxa anual desde 2004, quando ficou em 7,60%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2010, o indicador ficara em 5,91%.
Com o resultado, a inflação oficial ficou no teto da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, o que permite que a taxa varie de 2,5% a 6,5% sem descumprir a meta formalmente. Segundo Eulina Nunes dos Santos, da Coordenação de Índice de Preços do IBGE, a taxa do IPCA de 2011 "foi arredondada a partir de 6,4994%".
saiba mais
Caso a meta fosse descumprida, o presidente do BC, Alexandre Tombini, teria de enviar uma "carta aberta" ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicando as razões para o seu "estouro". A última vez que isso aconteceu foi em 2004, com explicações para o "estouro" da meta de 2003 -- ano em que a inflação subiu embalada pela disparada do dólar.Em dezembro, o IPCA ficou em 0,50%, mostrando desaceleração frente à taxa do mês anterior, quando registrara variação de 0,52%.
“Há uma grande concentração do IPCA no primeiro trimestre de 2011, que ficou em 2,44%, por causa da influência do grupo educação. No primeiro trimestre do ano são realizados os reajustes dos preços das escolas, que tem uma importância muito grande na formação do IPCA e pesa no orçamento das famílias. Além disso, alimentos e ônibus também contribuíram para o valor do primeiro trimestre”, apontou Eulina, do IBGE.
“No segundo trimestre, os alimentos continuaram pressionando, mas de forma mais branda (...). No terceiro trimestre, os alimentos já não pressionaram tanto (...) De outubro a dezembro, os alimentos voltaram a pressionar, bem como o reajuste da gasolina, por conta da alta do etanol”, disse.
Transportes foi destaque, com alta de 6,05% em 2011
Na comparação com 2010, a maioria dos grupos apresentou variação maior. Transportes foi destaque, com alta de 6,05% em 2011, ante 2,41% no ano anterior. As exceções foram alimentação e bebidas e artigos de residência, cujas taxas perderam força de um ano para outro, passando de 10,39% para 7,18% e de 3,53% para 0,0%, respectivamente.
A maior alta de preços entre os itens pesquisados pelo IBGE foi verificada nas passagens aéreas, de 52,91%, seguida pela do quiabo (47,05%) e da mandioca (47,04%).
"As passagens aéreas ficaram mais altas porque teve alta no querosene de aviação. O IBGE pesquisa rotas destinadas a lazer ou visitas à família. Porque os destinos típicos de trabalho, quem paga são as empresas”, explica a pesquisadora do IBGE. “O Rock in Rio, no Rio de Janeiro, e a turnê do Cirque du Soleil por alguns estados, também provocaram o aumento da demanda”.
Mas apesar da alta menor frente a 2010, a inflação do grupo alimentação e bebidas foi a que mais exerceu impacto no bolso dos brasileiros no ano. "Responsáveis por 23,46% do orçamento das famílias, o grupo se apropriou de 1,69 ponto percentual do índice, o que representa 26% dele", aponta o IBGE em nota.
Ainda de acordo com o instituto, o principal responsável pela alta de preços foi a alimentação fora de casa, que ficou 10,49% mais cara em 2011. Os alimentos dentro do domicílio subiram bem menos: 5,43%.
“Nós temos mais empregos, a renda aumentou e isso leva as pessoas a comerem fora. Com a demanda aquecida, você tem mais condições de repassar esses preços. Temos também a pressão do salário mínimo, que é repassada para a folha de pagamentos de funcionários dos restaurantes. A alta do aluguel também pesa no somatório final que leva o grupo alimentação fora do domicílio a ter um aumento percentual”, diz Eulina.
Os gastos com educação também pesaram, com o item colégios respondendo por 0,4 ponto percentual da inflação de 2011, o segundo maior impacto individual, graças à alta de 8,09% no ano. A posição no ranking foi dividida com gastos com empregados domésticos, que representaram mais 0,4 ponto do IPCA, com alta de 11,37% em 2011.
O IBGE destaca ainda que houve alta nos preços de diversos serviços, como manicure (11,29%) e cabeleireiro (9,88%), o que fez com que o grupo despesas pessoais fechasse o ano com taxa de 8,61%, a maior entre os pesquisados pelo instituto.
Em dezembro, as maiores altas na comparação com o mês anterior foram registradas nos grupos alimentação e bebidas (1,23%) e vestuário (0,80%).
“Esses dois grupos apresentaram uma variação sazonal, por causa das festa de fim de ano. Produtos típicos dos churrascos de comemoração de fim de ano, como carne, frango, além das bebidas, alcoólicas e não alcoólicas, são muito procurados e tiveram aumento no fim do ano”, explica Eulina. “As carnes foram o principal item a pressionar o IPCA de dezembro. Apesar da queda constante ao longo do ano, o item teve alta de novembro para dezembro”
Habitação, saúde e vestuário
Em 2011, os brasileiros também viram aumentar em 11,01% os preços dos aluguéis, e 8,30% as taxas de água e esgoto, contribuindo para levar a 6,75% as despesas com habitação.
Cuidar da saúde também ficou mais caro: as mensalidades de planos de saúde cresceram 7,54%, e houve altas nos preços dos serviços de hospitalização e cirurgia (11,63%), dentistas (9,03%) e remédios (4,39%), resultando em uma taxa de 6,32% no grupo saúde e cuidades pessoais.
Dentre os demais grupos pesquisados, o de artigos de vestuário fechou o ano com alta de 8,27%; o de artigos de residência não teve variação, enquanto o grupo comunicação apontou alta de 1,52%.
“A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) foi importante para conter o IPCA, e levou o resultado do grupo artigos de residência de 3,53% em 2010 para 0% em 2011”, diz a pesquisadora.
Regiões
Entre as 11 regiões pesquisadas pelo IBGE, Curitiba teve a maior inflação no ano passado, de 7,13%, seguida por Brasília, com 7,01%. Já a manor taxa foi verificada em Belém, com 4,74%.
INPC
O IBGE também divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a seis salários mínimos e chefiadas por assalariados, terminou o ano de 2011 com taxa de 6,08%, abaixo da registrada pelo IPCA e menor que a taxa de 2010, quando ficara em 6,47%.
A variação menor foi influenciada pela menor alta dos preços dos alimentos, que têm maior peso na cesta da população de mais baixa renda: em 2010, esses itens haviam subido 10,82%, enquanto em 2011 a alta ficou em 6,27%.
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Defesa de marido de grávida admite que ele ultrapassou sinal vermelho
Segundo advogado, gravação registrou acidente na Zona Sul de SP.
Motorista foi indiciado por homicídio culposo.
Acidente aconteceu em cruzamento da Zona Sul durante a madrugada de réveillon
(Foto: Luiz Guarnieri/Agência Estado)
A defesa de Landerson Rodrigues, marido da comerciante Lilian Maria dos Santos, morta em um acidente de trânsito na madrugada de 1º de janeiro, admitiu na manhã desta sexta-feira (6) que ele ultrapassou o sinal vermelho. Rodrigues foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar). Imagens registradas por câmeras na região da colisão, na Zona Sul de São Paulo, mostram que ele ultrapassou o sinal vermelho, segundo o advogado Marco Antônio Arantes de Paiva. Lilian estava grávida de 7 meses – o bebê também morreu após nascer prematuramente.
De acordo com o advogado, apesar de as imagens mostrarem que o semáforo não estava aberto, Rodrigues mantém a versão dada anteriormente – para ele, o sinal estava verde. Por isso, o indiciamento não foi visto como surpresa. “Absolutamente normal, diante do conjunto de documentos e até do laudo, que mostra de forma insofismável que ele se enganou quando disse que o sinal estava verde na pista em que ele estava”, afirmou Paiva.
saiba mais
“A gente nota que ele entra e cruza como se ele estivesse no verde, uma loucura. Ele manteve a primeira versão, que o farol estava verde. Nas imagens dá para ver que estava vermelho. Ele entrou realmente no vermelho – do outro lado estava amarelo ou ainda estava verde”. Segundo ele, isso apenas a perícia poderá afirmar.De qualquer maneira, segundo o advogado, o motorista do outro carro envolvido no acidente, o representante comercial Carlos Alberto Aparecido Dias Fiore, estava em alta velocidade e embriagado.
“Se ele foi no amarelo, tentou aproveitar, é um ponto negativo. A velocidade com que ele bateu se vê claramente que era alta – outro ponto negativo. No exame clínico, ele está embriagado”, afirmou Paiva, que disse que nas imagens é possível ver que outro carro conseguiu desviar do veículo do casal antes do acidente. “Ele estava em uma velocidade baixa, porque ele tinha acabado de cruzar à esquerda, estava em primeira ou segunda [marcha] no máximo.”
Fiore foi preso e indiciado pelos crimes de embriaguez ao volante, trafegar em velocidade incompatível, homicídio doloso e lesões corporais. Nesta quarta-feira (4), a Justiça fixou uma fiança de R$ 20 mil. Até a manhã desta sexta o Tribunal de Justiça ainda não tinha confirmação do pagamento da fiança. O G1 não conseguiu falar com os advogados de Fiore.
O delegado responsável pelas investigações, Airton Sante Amore, do 16º Distrito Policial, disse nesta semana que as responsabilidades de Fiore no acidente não seriam alteradas mesmo que fosse comprovado que o carro onde estava grávida passou no sinal vermelho.
Reação
Segundo o advogado de Rodrigues, seu cliente reagiu mal ao indiciamento e ainda está muito abalado com o acidente. “Ele não quis nem ver a imagem. Ele disse ‘para mim eu estava no verde’. A gente nota que há um bloqueio realmente”, disse Paiva. “Ele se confundiu, com certeza. Ninguém ia fazer o que ele fez.”
O advogado disse que ainda não sabe por que motivo foi registrado no boletim de ocorrência que era Lilian que dirigia o carro, como foi relatado pelos policiais militares que atenderam a ocorrência. “A forma como ele ficou parece que ele foi muito deslocado. Talvez ele estivesse tentando proteger a mulher. Por isso acharam que ela estava dirigindo, porque dá essa impressão”, afirmou.
“Vamos aguardar se o promotor oferece denúncia por homicídio culposo contra o Landerson e doloso contra o rapaz, e pode haver uma rejeição da denúncia. Pode haver o perdão judicial, porque o mal do acidente é muito maior a ele do que à sociedade, ele perdeu a mulher e filho. A princípio, faltaria interesse social.”
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