segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Operação Inteligente Reportagem Completa

Bom dia Brasil  e G1

Rio de Janeiro

Brasil ocupa Rocinha de olho na Copa e Olimpíada, diz imprensa estrangeira

Publicações on-line da CNN, BBC, El País e até Al Jazeera noticiam operação

Imprensa internacional destaca a ocupação da Rocinha no Rio de Janeiro Imprensa internacional destaca a ocupação da Rocinha no Rio de Janeiro (Reprodução)
A imprensa internacional destacou neste domingo a ocupação das favelas da Rocinha e do Vidigal na operação Choque de Paz, no Rio de Janeiro. De acordo com a rede de TV, “a operação faz parte de um esforço de eliminar o crime e prender os traficantes de drogas em uma das cidades mais violentas do país e que receberá a Copa do Mundo em 2014”. Ainda segundo a rede americana, a operação deste domingo contrasta com a invasão do Morro do Alemão, realizada no ano passado, quando mais de 30 pessoas foram mortas em tiroteios.

O site da rede britânico BBC também destacou a ausência de vítimas fatais e o objetivo de pacificar a cidade antes da Copa e das Olimpíadas, em 2016. Desde 2008, a polícia fluminense ocupou cerca de vinte favelas. A reportagem ouviu moradores da Rocinha, que afirmam que a ocupação trará melhorias na vida local. A rede britânica, contudo, ressaltou que há reclamações sobre o comportamento da Polícia, com relatos de violência excessiva e abuso de autoridade.
O site do jornal espanhol El País destacou que a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro anunciou antecipadamente a ocupação das favelas com o objetivo de evitar que os moradores fossem surpreendidos por eventuais tiroteios.
A rede árabe Al Jazeera disse que provavelmente não houve violência neste domingo porque, três dias antes da ocupação, havia sido detido o maior traficante local, conhecido como Nem, capturado quando tentava fugir da Rocinha. "O governo está contando com esses eventos para sinalizar a entrada do Brasil como um poder global, político e cultural", diz o texto da Al Jazeera.




 

 

Movimentação é normal na Rocinha no primeiro dia útil após ocupação

No Largo do Boiadeiro, muitas pessoas passam para ir trabalhar.
Principais acessos da comunidade seguem cercados.

Do G1 RJ, com informações do Bom Dia Rio


A movimentação na Favela da Rocinha, Zona Sul do Rio, é normal na manhã desta segunda-feira (14), véspera do Feriado da Proclamação da República. Chove na região. No Largo do Boiadeiro, é grande o número de pessoas que saem de casa para trabalhar. Policiais permanecem no local, distribuídos pelos principais acessos à comunidade.
As escolas seguem fechadas e só devem reabrir na quarta-feira (16). O trabalho de revista dos moradores, que foi interrompido durante a noite, será retomado nesta manhã.
Varredura
O trabalho de varredura nas comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, na Zona Sul do Rio de Janeiro, à procura de traficantes, drogas e armas, não tem data para terminar. Segundo o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, por se tratar de uma área muito grande, ainda há muitos pontos a serem vasculhados. Por isso, a polícia quer contar com a ajuda dos moradores.
De acordo com investigações da polícia, mesmo depois da prisão de Antonio Bonfim Lopes, o Nem, apontado como chefe do tráfico na Rocinha, ainda poderiam estar escondidos na Rocinha quase 200 bandidos.
Mas para onde teriam ido todos eles? "É no mínimo temerário dizer que não tem mais ninguém naquele lugar. E o objetivo da polícia estar num lugar desse de uma forma maciça é exatamente no sentido de identificar estas pessoas ou qualquer outro equipamento criminoso que eles, por ventura, eles possam ter”, disse Beltrame.
Durante o primeiro dia de ocupação nas comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, a polícia prendeu quatro pessoas, apreendeu 20 pistolas, 15 fuzis, duas espingardas e uma submetralhadora, além de 20 rojões e três granadas, segundo balanço da operação Choque de Paz, que visa instalar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na região.
Um homem foi preso na noite deste domingo (13) suspeito de tentar subornar policiais civis durante uma revista em uma residência na Rocinha, na Zona Sul do Rio. Ainda de acordo com a polícia, ao ser perguntado sobre celulares encontrados com mensagens de pedidos de entrega de drogas, o suspeito ofereceu R$ 3 mil para tentar subornar os policiais.



Armas e ossadas
Foram localizados também 112 quilos de maconha, 80 tabletes de maconha, 60 quilos de pasta base de cocaína, 145 trouxinhas de maconha e 14 tabletes de cocaína, além de máquinas caça-níqueis, bombas artesanais, uma farda do Exército e uma camisa da Polícia Civil.
Parte do armamento encontrado estava enterrada em uma viela da Rocinha. Em dois dos fuzis, o desenho de um coelho, apelido do traficante preso dias antes tentando fugir da favela. Anderson Mendonça foi preso com outros quatro comparsas, na quarta-feira (9). Eles estavam sendo escoltados por policiais civis, um ex-policial militar e um PM reformado, que também foram capturados.
PMs e policiais federais acharam com a ajuda de cães farejadores ossadas enterradas no alto da favela do Vidigal. Eles receberam informações de moradores.
Favelas tomadas após 2 horas e sem disparos
A retomada das favelas pelas forças de segurança começou por volta de 4h. A ação durou 2 horas e não houve troca de tiros. A megaoperação reúniu 3 mil homens das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, além de 194 fuzileiros navais, 18 veículos blindados, 4 helicópteros da PM e 3 da Polícia Civil. Os helicópteros jogaram panfletos com números de telefones para denúncias.




O Batalhão de Operações Especiais (Bope) estudou durante vários dias os detalhes do terreno a ser reconquistado, numa estratégia para evitar vítimas e para agir a qualquer ação dos traficantes. O apareato reúnia três tipos de blindados da Marinha: o Clamf, o maior e mais pesado, com 23 toneladas; o M113, menor e mais ágil; e o Piranha, que anda sobre rodas. (Veja vídeo ao lado)
Cerca de 300 homens do Bope entraram na Rocinha por seis acessos importantes da comunidade: Via Ápia, Terreirão, Roupa Suja, Estrada da Gávea, Laboriaux e Um Nove Nove, além de dezenas de pontos na mata. As favelas do Vidigal e Chácara do Céu foram retomadas por 800 policiais do Batalhão de Choque. Depois, foi a vez das outras forças de segurança entrarem em ação.



Outros 1,3 mil homens se espalharam por toda a cidade. Foram montados bloqueios nas principais saídas do Rio. O comando da operação não permitiu que os policiais usassem mochilas no interior das favelas, em uma tentativa de impedir saques aos moradores como houve no Complexo do Alemão.
Na Rocinha, homens do Bope usaram um trator para recolher motos roubadas que tinham sido abandonadas na rua. No Vidigal, colchões queimados e óleo jogado na pista, além de lixo e uma televisão, foram alguns dos obstáculos usados por criminosos para tentar impedir a retomada do território (Veja vídeo acima).
Às 6h08, pouco mais de duas horas depois do início da operação, segundo a Secretaria de Segurança, o território de 840 mil m2 da Rocinha e os 70 mil moradores estavam livres do domínio dos traficantes.

No início da tarde, as bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro eram hasteadas nas favelas do Vidigal e da Rocinha para oficializar a retomada do território. No Vidigal, a informação é de que 160 homens do Batalhão de Choque vão permanecer na comunidade até que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) seja implantada.


Visão da Favela da Rocinha na noite deste domingo, após ocupação (Foto: Rodrigo Vinna/G1)
Visão da Favela da Rocinha na noite deste domingo, após ocupação (Foto: Rodrigo Vianna/G1)
O secretário de Segurança disse que a partir de agora é o estado que controla uma área dominada ha décadas pelo crime organizado." O dia de hoje iniciamos a segunda fase de um trabalho que começou no inicio deste mês", disse. "Esse trabalho começou e não tem data para encerrar. É a libertação do jugo do fuzil", completou.


O governador Sérgio Cabral comemorou o resultado da operação. “Hoje é um dia histórico de mais um capítulo na paz do Rio de Janeiro”, disse. “Graças a unidade, a união das forças públicas que trabalharam por um bem comum", completou.
A polícia pede ainda que a população continue colaborando, dando informações sobre criminosos, armas e drogas escondidos nas favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. "Denunciem e ajudem. A população pode ligar para o Disque-Denúncia (2253-1177) ou para o 190 para nos ajudar a localizar criminosos, armas e drogas. Permaneceremos nas comunidades por tempo indeterminado", frisou o chefe de Estado Maior Operacional da Polícia Militar.

Rocinha - dados - raio x - 13/11 (Foto: Editoria de arte/G1)


Favela da Rocinha, no Rio, é ocupada sem qualquer tiro disparado

Após 40 anos de medo, uma notícia histórica: a ação dos três mil homens das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária devolveu o território à população do Rio de Janeiro.



Acordar sob a chuva respirando liberdade. É a Rocinha amanhecendo neste 14 de novembro de 2011. Não tem poder paralelo, não tem toque de recolher, não tem guerra. Sabe o que tem? Esperança.
O trabalho da polícia agora é de varredura, na busca por mais bandidos, armas e drogas. O trabalho foi recomeçado na manhã desta segunda-feira (14). Os policiais não usam mochilas para evitar denúncias de furtos. Os serviços públicos, como garis, atuam na comunidade. O clima é de tranquilidade. Segundo os moradores, a noite foi de paz.
O normal antes era o medo. Agora, os moradores da Rocinha se preparam para uma nova rotina: uma rotina de esperança. Os tons de azul e branco marcaram o dia, que foi como nenhum outro. Em 13 de novembro de 2011, um futuro novo começou com o som metálico dos tanques de guerra.
Às 4h, os homens do Bope e da Tropa de Choque da Polícia Militar entraram na Favela da Rocinha. Parecia impossível, mas estava acontecendo. Em fila, atentos, os policiais subiam pelas mesmas ruas que, durante décadas, foram dominadas pelo medo imposto pelos bandidos que prendiam, julgavam, matavam, esquartejavam e sumiam com os corpos de filhos, filhas, pais, mães e irmãos daqueles que agora observavam.
Armas em punho, mas nenhum barulho de tiro. Os cães estavam ali para encontrar drogas e explosivos. Os helicópteros faziam voos para cobertura da operação. Três mil agentes da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Rodoviária estavam lá. A dona de casa Cleuza dos Santos tinha confiança.
“Meus familiares me convidaram para passar o fim de semana com eles. Falei: ‘Não, vou ficar na minha casa. Tenho certeza de que vai ser tudo em paz’”, comentou a dona de casa.
Foi mesmo. Óleo na pista, blocos de concreto, obstáculos colocados pelos traficantes – nada impediu o avanço das tropas. Alguns moradores desciam sem medo. Outros observavam das janelas ou das lajes. Fotos foram tiradas para lembrar o momento histórico.
Curiosos ou incrédulos? Era verdade. Mas talvez o domingo de paz tenha começado com segurança na madrugada da última quinta-feira (10), no momento em que a mala de um carro foi aberta e ali estava o chefe do tráfico Nem, rendido e atônito.
As imagens foram mostradas ontem no Fantástico. O traficante que nunca tinha sido preso, que tinha policiais corruptos em sua folha de pagamento, encontrou policiais que não venderam a honra e não aceitaram o suborno de R$ 1 milhão. A reconquista durou menos de três horas. Pouco depois das 6h, a situação estava definida.
“Nós temos o prazer de informar que as favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu estão em nosso poder. Não houve nenhum incidente, nenhum tiro disparado”, afirmou o coronel Pinheiro Neto, chefe do Estado Maior da Polícia Militar.
A favela estava retomada. “Um novo tempo de paz começa agora”, diz um policial no carro de som.
Os símbolos da vitória sobre o crime: as bandeiras do Brasil e do estado do Rio, seguidos do hino e dos aplausos. “A sensação é de liberdade, de conforto, de tudo. Assim, viver em paz”, resume o confeiteiro Lorinaldo de Oliveira.
A liberdade é emocionante, sim, mas é apenas o começo. “Que junto com essa UPP que venham aí as políticas públicas, que venham mais creches, mais colégios, que venha saneamento básico para nossa comunidade”, espera Leonardo Lima, representante da Associação de Moradores da Rocinha.
Agora, quando se falar do morador da favela da Rocinha, ninguém vai mais pensar nos bandidos, e sim no povo que acorda cedo, trabalha duro e cria filhos com dificuldade, mas sempre sonhando com um mundo melhor.
“Maravilhoso. Melhor do que isso é impossível. Moro há 20 anos na Rocinha, tenho três filhos pequenos, para mim é inédito. Maravilhoso, não tem explicação”, comemorou um senhor. “Desejo um futuro melhor e paz”, disse outro senhor.

Vídeo mostra a prisão de Nem

Imagens foram feitas por policiais que estavam em helicóptero.
Elas mostram quando carro em que Nem seguia no porta-malas é cercado.

Do G1 RJ, com informações do Fantástico


Imagens obtidas com exclusividade pelo Fantástico mostram a prisão do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. O helicóptero da Polícia Civil do Rio de Janeiro – que seguia pra outra operação – registrou a ação. O vídeo mostra o carro onde Nem seguia no porta-malas  cercado por policiais civis, militares e federais. A prisão do traficante Nem ocorreu na madrugada de quinta (10).
Há cerca de 20 dias, a Polícia Federal, em parceria com a Secretaria de Segurança, iniciou um trabalho de inteligência para a pacificação do morro da Rocinha. Quarenta agentes vigiavam o local. Tinha policial introduzido em alguns pontos dentro da Rocinha, levantando informações, observando a movimentação da organização criminosa naquela localidade.
A investigação avançou com denúncias anônimas. O cruzamento dessas informações levou, na quarta-feira (9), à prisão de cinco traficantes e de três policiais civis, um PM aposentado e um ex-PM, que faziam a escolta dos criminosos.
Entre os presos, estava Anderson Rosa Mendonça, conhecido como Coelho. Ele era o chefe do tráfico no morro de São Carlos, no Centro do Rio, e se refugiou na Rocinha depois da implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Era o segundo homem mais importante da quadrilha de Nem. Depois da prisão, aumentou o cerco no morro da Rocinha com o batalhão de choque - uma Unidade Especial da Polícia Militar. “Eles tinham que revistar porta-malas, eles tinham que revistar os carros - independente se o carro era oficial, de quem estava dentro do carro. Se era uma ambulância, tinha que revistar a ambulância também”, explica Disraeli.
Prisão de NemCinco horas depois de prisão do bando de Coelho, o carro onde estava Nem é parado numa das saídas do morro. Mesmo depois que desembarcaram os integrantes, o veículo permaneceu com a suspensão baixa. Quando os policiais foram revistar o porta-malas, um homem se apresentou como cônsul e disse que o porta-malas era inacessível.
Mas o carro não era do corpo diplomático, e os policiais não abriram mão da revista. O vídeo mostra quando outro homem se aproxima. Foi onde ocorreu a primeira tentativa de suborno pelo advogado do Nem da Rocinha. Então o segundo advogado desceu, e ofereceu R$20 mil para a revista não ser feita. Mais tarde, o valor oferecido sobe para R$ 1 milhão.
O policial recusou o suborno e acionou a Polícia Federal. Agentes da Core - força de elite da Polícia Civil - chegam ao local e tentam levar o carro e os ocupantes para a 15ª delegacia, na Gávea. Outros dois policiais civis e um delegado do município de Maricá, distante 60 quilômetros do Rio, também querem encaminhar o grupo para a mesma delegacia.
Um homem do batalhão de choque da PM fura, com uma faca, um dos pneus do carro suspeito, pra evitar que ele seja levado à delegacia civil. O impasse só termina com a chegada de agentes federais. Três advogados estavam dentro do carro e acompanhavam o traficante mais procurado do Rio de Janeiro durante a tentativa de fuga. O veículo de luxo tem os vidros bastante escurecidos para impedir que se veja quem está dentro. Mas apesar de todo este cuidado, de toda ostentação, Nem estava escondido no porta-malas.
Do alto, o helicóptero da Polícia civil capta detalhes da movimentação lá embaixo e mostra quando o porta-malas é aberto. Ele estava em posição fetal e com as mãos espalmadas, abertas e cara de assustando. Não esboçou nenhum tipo de reação, não falou. "O cara aí, tá preso. perdeu jogador!", disse um dos policiais.

Parceiro de Nem conta como usou conceitos matemáticos no tráfico

Vídeo obtido pelo Fantástico foi gravado após prisão de Saulo de Sá Silva.
Fotos e vídeos postados pela ex ajudaram a polícia a localizá-lo

Do G1 RJ, com informações do Fantástico
Fotos e vídeos postados pela ex-mulher do traficante Saulo de Sá Silva ajudaram a polícia a localizar o criminoso, que chegou a chefiar o tráfico de drogas na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Neste domingo (13), o Fantástico mostrou outro vídeo, exclusivo, em que ele revela à polícia detalhes do tráfico na comunidade. A gravação da conversa informal de Saulo, parceiro de  Antônio Bonfim Lopes, o Nem, com policiais civis do Rio ocorreu logo depois de sua prisão, em 2008.
O criminoso aparece de costas para a câmera. Ele revela o número de pessoas recrutadas pela quadrilha na comunidade. Na conversa, diz que o contingente de pessoas envolvidas no tráfico da Rocinha movimenta cerca de 300 pessoas diretamente e 500 de forma indireta.
Saulo, que já foi carteiro e estudou até o terceiro ano da faculdade de matemática, foi o responsável pela profissionalização do negócio de venda de drogas na Rocinha.
Inclusive adotando a internet como o principal meio de comunicação entre os integrantes da quadrilha. Ele era o grande parceiro do traficante Nem. “Sempre fiz tudo para funcionar o negócio bem, até pelo Nem mesmo. A gente é irmão de pensamento.”
O próprio Saulo dizia que o tráfico de drogas na Rocinha era uma grande bagunça antes da chegada dele. “Ninguém sabia direito quanto dinheiro entrava ou saía daqui. Saulo adotou conceitos contábeis como fluxo de caixa e controle de estoque. E, para aumentar os lucros, instalou laboratórios de refino de pasta base de cocaína. Um azeitado esquema de gerenciamento montado por ele foi deixado para seu sucessor, o traficante Nem.
Em 2007, a polícia estourou o laboratório do tráfico na Rocinha, o primeiro do Rio de Janeiro. Dois anos depois, uma longa investigação desvendou a estratégia usada pelos traficantes para obter produtos químicos usados no refino. Mais de mil moradores da comunidade foram recrutados para ir a lojas especializadas e comprar esses produtos em pequena quantidade, sem despertar suspeitas.
A polícia filmou tudo, seguiu as pessoas, e chegou a mais um laboratório improvisado.
O vídeo mostra Saulo na delegacia explicando aos policiais o processo de fabricação da droga. Ele diz que com cada quilo de pasta fazia um quilo de cocaína pura. Parte do lucro era usada para reforçar o arsenal da quadrilha com armas de guerra. Ele afirmou que calculava que a Rocinha tinha mais de 100 fuzis. “Eu comprei uma bazuca. O cara falou que tinha. mandei dinheiro, ele mandou. Comprei um fuzil AR-15 novíssimo, zero, da polícia.”
Foi Saulo quem modificou o sistema de armazenamento das armas. Em vez de guardá-las todas num só lugar, cada soldado do tráfico passou a ser responsável pelo seu próprio fuzil. Um truque para evitar uma apreensão em massa.
Ex-mulher
Condenado a 18 anos de prisão por tráfico de drogas, Saulo está preso no Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro. A agora ex-mulher dele, Fabiana da Silva, que é dona de uma loja na Rocinha e se identifica como “Bibi Perigosa”, continua divulgando mensagens na internet diariamente. Neste sábado (12), por exemplo, ela escreveu sobre a operação policial na comunidade: "Dá medo saber que eles vão entrar e a gente vai ficar aqui à noite, sem ninguém, vendo o que esta acontecendo".

Preso homem suspeito de tentar subornar policiais na Rocinha

Ele estava em uma casa encontrada pelos agentes após denúncia.
Segundo a Polícia Civil, homem teria mensagens com pedidos de drogas.

Do G1 RJ
Preso na Rocinha (Foto: Fabrício Costa/G1)
Polícia apreendeu material na casa do preso (Foto: Fabrício Costa/G1)
Um homem foi preso na noite deste domingo (13) suspeito de tentar subornar policiais civis durante revista em uma residência na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. A polícia investiga se ele era contador do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.
Na madrugada deste domingo (13), as comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu começaram a ser pacificadas. A retomada das favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu pelas forças de segurança começou por volta de 4h. A ação durou 2 horas e não houve troca de tiros.

Segundo a Polícia Civil, o suspeito foi encontrado depois que os agentes receberam a denúncia de que um traficante estava escondido em uma casa. Eles foram ao local, onde encontraram TVs de LCD, além de celulares com mensagens de pedidos de entrega de drogas. A polícia já prendeu outros quatro suspeitos de envolvimento com o tráfico no local.

Ainda de acordo com a polícia, ao ser perguntado sobre as mensagens, o suspeito ofereceu R$ 3 mil para tentar subornar os policiais. Ele foi levado para a 14ª DP (Leblon), onde o caso foi registrado. A delegada da 14ª DP, Flávia Monteiro de Barros instaurou inquérito policial para apurar o envolvimento do suspeito com o tráfico de drogas.

"Ele acabou sendo autuado em flagrante por corrupção ativa. A pena é de até 12 anos. Nós já sabemos que ele é ligado ao tráfico e vamos abrir um inquéirto para apurar melhor a situação”, disse.
'Choque de Paz'
A megaoperação para começar a pacificar as favelas reuniu 3 mil homens das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, além de 194 fuzileiros navais, 18 veículos blindados, 4 helicópteros da PM e 3 da Polícia Civil.
Durante o primeiro dia de ocupação a polícia apreendeu 20 pistolas, 15 fuzis, duas espingardas e uma submetralhadora, além de 20 rojões e três granadas. De acordo com o balanço, foram localizados 112 quilos de maconha, 80 tabletes de maconha, 60 quilos de pasta base de cocaína, 145 trouxinhas de maconha e 14 tabletes de cocaína.
Os criminosos tinham ainda grande quantidade de munição: 672 para calibre 7.62; 234 para calibre 5.56; 77 para calibre nove milímetros; 55 para calibre ponto 40 e 28 para calibre 45. Mais 15 mil munição para calibres diversos. Havia sete lunetas, 102 carregadores de fuzil, 56 carregadores diveros. Um Toyota Hilux e 75 motos foram localizados nas comunidades.


A operação contou ainda com a apreensão de 17 máquinas caça-níqueis, 61 bombas artesanais, uma farda do Exército e uma camisa da Polícia Civil, entre outros (Veja vídeos).

Uma metralhadora antiaérea, com poder para derrubar helicópteros, foi apreendida pelo Bope (Foto: Paulo Pizza/G1)
Uma metralhadora antiaérea, com poder para derrubar helicópteros, foi apreendida  (Foto: Paulo Piza/G1)
'Libertação do jugo do fuzil'

Segundo o governador do Rio, Sérgio Cabral, a Operação Choque de Paz só foi possível "graças à união das forças públicas que trabalharam para o bem comum". O dia, segundo ele, é histórico.



"Nada acontece por acaso. Isso foi planejado há muito tempo pela Secretaria de Segurança, há cerca de quatro, cinco meses, quando pedimos a presidente Dilma que o Exército ficasse no Alemão e Penha até 31 de junho de 2012, porque com isso conseguiríamos entrar na Rocinha", afirmou o governador Sérgio Cabral.

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que o objetivo da ação era evitar confrontos. "O nosso objetivo era devolver aquele território à população e isso foi feito. Se chegou nesse local há muito pouco tempo, mas o mais importante é que foi sem disparar um tiro, sem derramar uma gota de sangue de seja lá quem for", ressaltou . E completou: "Esse trabalho começou e não tem data para encerrar. É a libertação do jugo do fuzil".
Um dos pontos altos da operação, que segundo a Secretaria de Segurança Pública começou no dia 1º de novembro, foi a prisão do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, apontado como o chefe do tráfico na Rocinha. Ele está preso em Bangu 1 e deve ser transferido para um presídio federal, fora do Rio, em breve.


Bandeiras são hasteadas na favela do Vidigal (Foto: Thamine Leta)
Bandeiras são hasteadas na favela do Vidigal para oficializar a ocupação (Foto: Thamine Leta)
Blindados e helicópteros
Ainda era de madrugada quando equipes, carros blindados e helicópteros começaram a movimentação para invadir a Rocinha. Moradores foram orientados a não deixar suas casas para evitar ficar um possível confronto armado entre policiais e traficantes. Mas, ao contrário do que se imaginava, a retomada do território aconteceu de forma tranquila, sem que nenhum disparo tenha sido feito.
Criminosos tentaram colocar barricadas e jogaram óleo na pista, mas isso não pediu a chegada das tropas ao alto do morro. Homens estrategicamente posicionados nos principais acessos da comunidade ajudaram a evitar o fogo cruzado.
No Vidigal, colchões queimados e óleo jogado na pista, além de lixo e uma televisão, foram alguns dos obstáculos usados por criminosos para tentar impedir a retomada do território.
Às 4h deste domingo, uma coluna com 18 blindados e cerca de 700 homens avançou pelas vias das comunidades para começar a inserção dos homens. Às 4h30 ocorreu a chegada às comunidades, incluindo o uso de helicópteros com câmera de observação térmica. E às 6h, nossos homens informaram que todas as comunidades ocupadas já estavam sob controle", afirmou o coronel Pinheiro Neto, chefe de Estado Maior Operacional da Polícia Militar.

Rocinha - dados - raio x - 13/11 (Foto: Editoria de arte/G1)
Rocinha - dados - raio x - 13/11 (Foto: Editoria de arte/G1)

Em cartas, moradores agradecem e fazem denúncias ao Bope na Rocinha

Policiais ocuparam a favela na madrugada deste domingo (15).
Agentes distribuíram panfletos para estimular denúncias.

Paulo Toledo Piza Do G1 RJ
Moradores da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, entregaram a policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que ocuparam o morro na madrugada deste domingo (13), cartas de agradecimento e de denúncias sobre esconderijos de armas e drogas. Eles aproveitaram o momento em que os policiais distribuiam panfletos incentivando denúncias à população.


Carta entregue a policiais do Bope (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Carta entregue a policiais do Bope (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Segundo a assessoria do Bope, diversos soldados receberam cartas relatando a localização de armas e drogas. “Em um dos casos conseguimos apreender armas desmontadas graças a uma carta”, disse a capitão da PM, Marliza Neves.


“Geralmente eles (moradores) recebem os panfletos e nos devolvem com uma folha com a denúncia embaixo”, disse.
Uma das cartas entregue aos policiais diz: “Hoje fiquei emocionada quando a polícia tomou nossa comunidade, pois antes não podíamos abrir nossa janela que lá estavam os bandidos armados. Hoje pela primeira vez abri minha janela e não dei de cara com eles. Deus nos abençoe”, entregue por uma senhora a um policial da equipe.

Ocupação
As comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu começaram a ser pacificadas nesta madrugada. A retomada das favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu pelas forças de segurança começou por volta de 4h. A ação durou 2 horas e não houve troca de tiros. A megaoperação reúniu 3 mil homens das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, além de 194 fuzileiros navais, 18 veículos blindados, 4 helicópteros da PM e 3 da Polícia Civil.
De acordo com o balanço da operação, foram localizados 112 quilos de maconha, 80 tabletes de maconha, 60 quilos de pasta base de cocaína, 145 trouxinhas de maconha e 14 tabletes de cocaína.
Os criminosos tinham ainda grande quantidade de munição: 672 para calibre 7.62; 234 para calibre 5.56; 77 para calibre nove milímetros; 55 para calibre ponto 40 e 28 para calibre 45. Mais 15 mil munição para calibres diversos. Havia sete lunetas, 102 carregadores de fuzil, 56 carregadores diveros. Um Toyota Hilux e 75 motos foram localizados nas comunidades.

Associação de moradores quer melhoria com UPP na Rocinha

Ele disse esperar mais creche e serviços na favela.
Rocinha foi pacificada neste domingo.

Paulo Toledo Piza Do G1 RJ
Presidente da associação (esq.) diz esperar melhorias (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Presidente da associação (esq.) diz esperar melhorias (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
O presidente da União pró-melhoramento dos Moradores da Rocinha, Leandro Rodrigues, afirmou neste domingo (13) esperar que a instalação da UPP na favela traga uma melhor qualidade de vida para a comunidade da Zona Sul do Rio de Janeiro, “Temos uma esperança muito grande de que com a UPP venha também um avanço no combate à desigualdade social”.
Segundo Rodrigues, a favela precisa de mais creches, mais médicos e de serviços mais constantes, como a coleta de lixo. Questionado sobre a pacificação deste domingo pelas forças de segurança, ele afirmou que ainda é cedo para julgá-la. “É difícil falar nisso no primeiro dia. Mas, com o tempo, vamos fazer uma avaliação melhor. Rodrigues disse, por volta das 18h, que estava desde a madrugada caminhando pela Rocinha para acompanhar o andamento da operação. “Foi um sucesso sem nenhum tiro. Espero que continue assim.”

Polícia apreende armas, motos e drogas na ocupação da Rocinha

O repórter Márcio Gomes mostra como foi o trabalho da polícia, que apreendeu uma grande quantidade de drogas, motos, armas e munição.



Foi com uma convocação que os 300 homens do Bope, a tropa de elite da Polícia Militar, iniciaram a ocupação na Rocinha. Eles entraram na favela em 18 blindados da Marinha. Foram usados três tipos: o Clanf, o maior e mais pesado, de 23 toneladas; o M-113, menor e mais ágil; e o Piranha, que anda sobre rodas. Além dos blindados da Marinha, foram usados os da Polícia Militar, conhecidos como Caveirão. Sete helicópteros também davam apoio às forças policiais.
Os olhos vermelhos deixam evidentes as quase 20 horas de trabalho sem descanso. A roupa suja, a difícil missão – o cabo do Bope, Wagner Gasco, foi um dos homens que participaram de uma das mais importantes descobertas na operação. Foi na parte alta da Rocinha, na localidade conhecida como Laboriaux, onde foram encontrados 112 quilos de maconha, 13 fuzis, uma metralhadora e carregadores. Tudo estava enterrado.
“Fomos batendo, procurando no terreno vestígios e pegadas. Isso ficou fácil para a gente”, explica o cabo do Bope, Wagner Gasco.
Ao longo de todo o dia, um batalhão da Polícia Militar, na Zona Sul do Rio, foi concentrando as apreensões. Entre os veículos, 75 motos, um carro importado – tudo roubado. A tenda para onde todo o material era levado foi ficando pequena. A todo momento eram descarregadas máquinas caça-níqueis, muita munição e baldes com pistolas até a boca.
Entre o material apreendido, há muitos equipamentos eletrônicos de uma a TV a cabo clandestina, além os carregadores sujos de óleo e a pasta base de cocaína, que indicariam a presença de um ou mais laboratórios de refino da droga na Rocinha.
Em algumas armas encontradas, um toque pessoal: um coelho, apelido de um dos traficantes presos na semana passada no cerco à Rocinha. Em outra, a inscrição “Mestre” seria mais um apelido do chefe do trafico Nem; e um machado, que, segundo os policiais, era usado para agredir os inimigos. Nele estava escrito: “Bonde do picota”.
Para a polícia, os próximos dias serão de novas apreensões. “Nós acreditamos que não foi possível retirar o material. Pode ser até que alguns marginais tenham fugido, mas em decorrência da prisão da principal liderança da quadrilha, eles não tiveram tempo de retirar. É uma questão de tempo, naturalmente. A gente vai encontrar essas drogas e essas armas”, declarou o coronel do Bope, Frederico Caldas.
A operação contou ainda com o instinto de Brita, um pastor alemão de 5 anos treinado para encontrar drogas. Ele ajudou os policiais a descobrir a pasta base de cocaína. Foram mais de cem quilos de tabletes envolvidos em balões de borracha para tentar enganar os cães.
“Estava tudo enterrado, e o cão achou. Temos cães de busca de pessoas, captura e cães de explosivos também”, contou o coronel do Bope, Marcelo Nogueira.
No batalhão, em um curto período de descanso, os policiais limpavam as suas armas. Iam voltar à Rocinha para mais um turno de trabalho sem hora para terminar.

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