terça-feira, 5 de julho de 2011

Série do Jornal Nacional Saúde Cancêr de Mama




Documetário Cancêr de MAMA  JN 20011


 Mitos sobre câncer de mama atrapalham diagnóstico e tratamento

O Instituto do Câncer de SP esclareceu mitos que envolvem a doença. Várias mulheres acreditam, por exemplo, que desodorante provoca o câncer.

Médicos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo ouviram mulheres para saber quais são as dúvidas que elas têm sobre o câncer de mama. Veja o resultado na reportagem de Carla Modena.
Mais de seis décadas de vida e apenas uma mamografia. “Só fiz uma, porque doeu demais. Apertaram demais, e eu fiquei ressabiada”, conta a aposentada Doralina Corso.
Mais do que a dor, o que assusta é a falta de informação sobre o câncer que mais mata mulheres no Brasil. O diagnóstico precoce é o maior amigo da mulher, quando se fala em câncer de mama. O problema é que uma série de mitos sobre fatores de risco atrapalham o diagnóstico e acabam prejudicando o tratamento.
A crença de que desodorante provoca a doença é uma das mais comuns. “Eu acreditei, tanto é que eu mudei”, diz a vendedora Célia Galeni.
O Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) fez um levantamento de outros mitos: mulheres acreditam que parar de tomar leite cura a doença e que as próteses de silicone aumentam o risco de desenvolver tumores.
“Nenhum deles foi comprovado e não tem muito fundamento”, aponta o mastologista José Roberto Filassi, do ICESP.
Comprovado mesmo, é que, se alguém na sua família já teve, é ainda mais importante ficar atenta aos exames preventivos. O histórico familiar é fator de risco.
Veja outras verdades:
- As chances são maiores quando a primeira menstruação vem antes dos 11 anos ou a menopausa, depois dos 50;
- O consumo de álcool e o tabagismo também estão associados do câncer de mama;
O que toda mulher deve fazer a professora Maria do Carmo Silva já sabe: “tomo precaução, faço exame. Aconselho todas as mulheres devem fazer. E sigo uma vida normal”, afirma.


Cuidados contra câncer de mama são desconhecidos

Em uma pesquisa feita com 552 mulheres em quatro capitais, 82% citaram o auto-exame como forma de descobrir o câncer, 31% falaram do médico e só 35% se lembraram da mamografia.

Uma pesquisa realizada em quatro capitais estaduais chegou a uma conclusão que surpreende e preocupa. Ainda são muitas as brasileiras que desconhecem a importância do exame que pode detectar o câncer de mama logo no início.

A auxiliar administrativa Selma Miluzzi sempre soube da importância de fazer a mamografia, o raio-x das mamas, uma vez por ano. Ela também apalpava os próprios seios uma vez por mês e quando desconfiou que alguma coisa estava errada até brigou com o médico para repetir os exames. Foi assim que descobriu e tratou um câncer de mama.

“Tanto a ultrassonografia como a mamografia. E muito importante no tratamento e se o médico não quiser dar, insista. Eu tenho certeza de que estou 100% curada”.

Informação é uma das armas mais importantes na luta contra o câncer de mama. Mas uma pesquisa acaba de revelar que ainda é grande o numero de mulheres despreparadas para esta batalha.

Em uma pesquisa feita com 552 mulheres em quatro capitais do país, 82% citaram o auto-exame como forma de descobrir o câncer, 31% falaram do médico e só 35% das mulheres ouvidas se lembraram da mamografia.

“É o exame tido no mundo inteiro como o mais confiável para se fazer no que diz respeitos à detecção precoce, à descoberta precoce de um câncer de mama”, declarou o diretor de hospital Henrique Gebrin.

No Brasil, todo ano a doença atinge mais de 49 mil mulheres e mata cerca de 10 mil. Segundo os especialistas, se descoberta no início, as chances de cura são de 95%.

“O dado mais grave é que a mortalidade continua subindo. Nós precisamos então trabalhar pela mamografia mais acessível a todas as mulheres com mais de 40 anos, com qualidade, e diminuir o tempo entre a primeira consulta e o diagnóstico”, finalizou a mastologista Mayra Kaleffi.

Segundo os médicos, o medicamento injetável atua como se fosse uma vacina, agindo, diretamente, nas células doentes, sem maltratar todo o organismo. Com isso, os efeitos colaterais não são tão fortes quanto os da quimioterapia tradicional.

Na última reportagem especial da série sobre o câncer de mama, Lília Teles mostra um tratamento novo que tem apresentado bons resultados e o fim da peregrinação de uma cidadã para fazer a mamografia.
Dona Sônia entra no centro cirúrgico ansiosa. “Estou um pouco nervosa, mas vou ficar bem”, ela diz.
Dona Sônia é uma das pacientes beneficiadas por um serviço inédito no Brasil que funciona em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Na mesma cirurgia, ela vai retirar as duas mamas e fazer a reconstrução dos seios, sem esperar muito tempo e sem pagar nada pelas próteses de silicone. Isso graças ao banco de próteses, mantido por doações para ajudar as mulheres da região no tratamento do câncer de mama.
A cirurgia é longa. Mas muito comum em um hospital da rede pública gaúcha. O banco de próteses foi criado em 2007 e é mantido por doações de comerciantes, moradores e empresários. O dinheiro é depositado em um fundo municipal.
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, não há contraindicação para a aplicação de silicone imediatamente após a retirada da mama.
“O câncer por si só já é uma doença que lembra a morte. Perder uma mama para uma mulher, independente da idade, é um fato que piora ainda mais o seu aspecto de pessoa. E assim, não é preciso que a pessoa fique mais doente para que consiga se curar. Ela pode fazer seu tratamento em plena forma física”, explica o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, José Luiz Pedrini.
A mutilação é um dos grandes traumas provocados pelo câncer de mama. O tamanho e a agressividade do tumor é que vão determinar o tipo de operação. Podem ser retirados uma pequena parte da mama, o seio inteiro ou as duas mamas; e ainda as glândulas da axila.
Uma lei federal de 1999 garante às pacientes que sofreram mutilação direito à cirurgia plástica reparadora da mama.
“Infelizmente, 12 anos passados, nem todos os serviços oferecem isso às mulheres. Para conseguir silicone pelo SUS, às vezes, é a vida inteira”, diz José Luiz Pedrini.
Mas enquanto os atrasos complicam a vida de pacientes, os avanços na pesquisa vão garantindo esperança a muitas mulheres.
A psicóloga Ana Luiza passou por duas cirurgias, várias sessões de quimioterapia, mas a doença não cedeu. Agora, ela é voluntária em um tratamento com um novo remédio.
O T-DM1, que está em estudo em várias partes do mundo, está sendo testado em um hospital público de Porto Alegre, em mulheres que têm tumores mais agressivos.
Segundo os médicos, o medicamento injetável atua como se fosse uma vacina, agindo, diretamente, nas células doentes, sem maltratar todo o organismo. Com isso, os efeitos colaterais provocados pelo T-DM1 não são tão fortes quanto os da quimioterapia tradicional, como enjoo e queda de cabelo. E o mais importante: tem conseguido diminuir as lesões e controlar a doença.
“O resultado já é visível a partir da primeira aplicação. Eu costumo dizer assim: antes eu tinha uma luzinha no fim do túnel, a partir dessa medicação, eu tenho um holofote”, diz Ana Luiza.
A luta de brasileiras mostrada ao longo desta semana é sinal de que o combate ao câncer de mama no Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Começando pelas informações sobre o que acontece com cada mulher que busca atendimento.
Foi para isso que o Sismama, Sistema de Informação do Câncer de Mama, foi implantado pelo governo, em 2009. Mas o serviço ainda é falho, porque muitos municípios não repassam os dados para o cadastro. Agora, o Ministério da Saúde vai exigir essas informações. A prefeitura que não passar vai ficar sem o dinheiro das mamografias.
“Exatamente por perceber que ele não funcionava que nós fizemos essa mudança. Nós queremos saber a informação sobre o tempo que foi feito o exame, o tempo do diagnóstico, da confirmação do diagnóstico e quando começou o tratamento. Então essa mudança nós também exigimos e fizemos agora no Sismama”, explica o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Mesmo com tantas dificuldades, os esforços de muitos vão mostrando que a luta traz bons resultados.
Na volta a São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, a equipe de reportagem encontrou uma Dona Sônia sorridente e bem disposta. Ela já faz as atividades em casa, se exercita com caminhadas e até ajuda a filha na loja da família.
Dona Sônia diz que os dois seios reconstruídos ajudaram na recuperação. “Quando eu descobri a doença, minha filha estava grávida. Eu pensava: ‘Não consegui nem ver meu neto nascer’. E ele já completou 1 ano. Então, já um ano que eu tenho de vitória”, ela comemora.
Como cada personagem tem sua luta particular, Dona Márcia finalmente conseguiu fazer a mamografia. Ela é a cabeleireira que nós mostramos nas duas primeiras reportagens desta série peregrinando por postos de saúde do Rio de Janeiro atrás de uma requisição para o exame.
Mas, cansada de esperar pelo SUS, ela procurou uma clínica particular, depois de receber ajuda financeira de um grupo de pessoas. “Me emocionei muito. Eu achei que eu não ia conseguir fazer isso nunca”, ela conta.
O resultado? “Deu negativo. Não é um tumor. Graças ao bom Jesus”.
Márcia sabe que, aos 41 anos, a prevenção está só começando. “Que esse caminho não seja tão doloroso, tão complicado, tão difícil, como foi comigo. Como você vai tratar algo precoce se você não consegue nem fazer o exame?”, conclui.
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O problema é que não sentir nada não significa ausência de nódulo. E quando a mulher toca os seios e consegue sentir algum carocinho, ele já está medindo um ou dois centímetros, ou seja, não está mais no começo.


3ª Matéria Carreta leva mamografia a cidadãs do interior do Brasil

O projeto nasceu no Hospital do Câncer de Barretos, uma referência para pacientes do país inteiro. Carretas equipadas com mamógrafos percorrem o interior do país, indo a cidades onde as mulheres jamais teriam chance de fazer o exame.

6 de Julho

Na série de reportagens sobre o câncer de mama que o Jornal Nacional está exibindo esta semana, Lília Teles mostra um projeto que tem apresentado resultados positivos.
É uma carreta como outra qualquer pelas estradas do Brasil. Mas ela carrega o que muitas brasileiras sonham: mamografia de graça e perto de casa.
Em um país de dimensões continentais, muitas vezes é difícil trazer as mulheres até onde está o recurso. Alternativa é levar o exame aos lugares mais distantes. Para isso, carretas equipadas com mamógrafos percorrem o interior do Brasil, indo a cidades onde as mulheres jamais teriam chance de fazer a mamografia.
A equipe do Jornal Nacional acompanhou uma que saiu de Juazeiro em direção ao sertão baiano. O destino era Curaçá. O caminhão seguiu pelas rodovias do interior da Bahia. São quase cem quilômetros percorridos lentamente.
Em alguns lugares o asfalto é tão esburacado, que até mesmo a pé, é possível andar mais rápido do que o caminhão. A viagem pode durar até cinco horas. Como o mamógrafo é sensível, o caminhão é equipado com amortecedores especiais, para evitar que o equipamento fique descalibrado.
“Atenção mulheres de Curaçá, com idades entre 40 e 69 anos, a carreta da mamografia já se encontra na cidade”, anuncia a carreta ao chegar
“A mamografia é o principal exame de detecção precoce, descoberta do câncer quando ele está bem pequenininho, no estágio inicial”, explica um dos médicos do projeto.
É um privilégio, em um país que cria tantos obstáculos. “A gente tem que ir para fora, se deslocar, então se torna cansativo, dispendioso. Principalmente para os mais humildes. Aí a gente vai deixando de mão, deixando de mão e quando vê o tempo passou”, conta a professora Dulcimar da Silva.
O tumor encontrado em Dona Isabel foi descoberto no primeiro exame. Mas ela tinha passado dos 60 anos e achava que poderia resolver o problema sozinha. “Eu fiz o autoexame e topei com um caroçozinho. Aí fui à farmácia e comprei antibiótico, tomei, pensando que fosse qualquer inflamação. Ainda é uma doença que causa muito pânico nas mulheres”, lembra.
“No início do projeto, a gente pegava pacientes com cânceres avançados, tumores grandes de até 20 centímetros. Hoje, a gente já está conseguindo detectar cânceres cada vez menores”, diz o médico Adriano Bonafin.
O trabalho feito no sertão baiano foi idealizado a 2.083 quilômetros de distância, no interior de São Paulo. O projeto nasceu no Hospital do Câncer de Barretos, uma referência para pacientes do Brasil inteiro.
Só de Rondônia, no Norte do país, 96% das mulheres com câncer de mama viajam para Barretos para receber tratamento. Dona Eloá saiu de Juara, a 700 quilômetros de Porto Velho. Cinco dias de viagem até Barretos para conseguir o que não foi possível na cidade dela.
“Uma mamografia para você fazer na minha cidade, você espera seis meses. Como você vai ficar esperando ali com uma doença que não pode esperar? Acaba morrendo. Ou quando vai fazer já não tem mais jeito”, diz ela.
Cem por cento dos atendimentos no Hospital de Câncer de Barretos são feitos pelo SUS. O dinheiro do governo não é suficiente para atender à demanda que cresce muito. O que faz com que todas as pessoas sejam atendidas de graça é a ação de voluntários. As doações complementam o orçamento e não deixam o serviço parar nem perder a qualidade.
O desafio do hospital é seguir o protocolo da Holanda, que, com prevenção, reduziu drasticamente os índices de câncer de mama em estágio avançado no país.
A região de Barretos já sente os efeitos desse trabalho. “Nós não temos, na região próxima, mais que 2% de casos de câncer avançado. Quando nós começamos este processo, tinha mais de 70% de câncer avançado”, lembra Henrique Prata, gestor do hospital.
As amigas Edith e Leosina foram operadas de câncer de mama no Hospital de Barretos, mas já estão de volta à tranquilidade de Juazeiro.
“É uma vitória grande. A gente pode dizer assim: nós somos guerreiras para vencer uma enfermidade dessas. É maravilhoso demais”, comemora Edith.
São histórias com final feliz que a carreta do Hospital de Barretos quer espalhar por muitas partes do Brasil.
O governo de Rondônia declarou que gasta R$ 25 milhões por ano para possibilitar que pacientes de câncer se tratem fora do estado.


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Mulheres enfrentam via-crúcis para conseguir tratamento de câncer de mama

A recomendação da idade correta para que as mulheres comecem a fazer a mamografia provoca polêmica. Atualmente, a orientação é que se faça o exame a partir dos 50 anos, a cada dois anos.
Fonte : Jornal Nacional



Edição do dia 04/07/2011

1ª Matéria : Milhões de cidadãs brasileiras não têm acesso à mamografia

O câncer de mama é a segunda principal causa de morte de mulheres no Brasil, só perde para as doenças do coração. O país tem 1.514 mamógrafos que atendem ao SUS. Mas desse total, metade faz menos mamografias do que deveria.



O Jornal Nacional vai investigar uma dívida do nosso país com as mulheres. Porque ao mesmo tempo em que as autoridades da saúde recomendam a proteção contra o câncer de mama com exames preventivos, o Brasil deixa milhões de cidadãs sem condições de se proteger. Os motivos e as consequências desse problema estão na primeira reportagem da série de Lília Teles.
Um carocinho na mama direita começou a incomodar Márcia em setembro do ano passado. A partir daí, ela passou a procurar vaga na rede pública do Rio de Janeiro para tentar fazer um exame de mamografia.
“Fui na ginecologista, mostrei e ela disse que poderia não ser nada. Acho que isso tem que ser diagnosticado através de um exame, de uma mamografia, não de uma fala”, lembra.
O medo se justifica. O câncer de mama é a segunda principal causa de morte de mulheres no Brasil, só perde para as doenças do coração.
A estatística é maior a cada ano. O número de mortes cresceu quase 48% em uma década. O diagnóstico precoce é a melhor forma de tornar a doença menos assustadora.
“O método mais indicado para fazer essa detecção precoce é a mamografia. É o melhor exame. Eu consigo diminuir essa mortalidade em até 35%”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Carlos Alberto Ruiz.
Márcia faz uma peregrinação por seis postos de saúde do Rio, tentando uma mamografia. A equipe do Jornal Nacional acompanhou com uma câmera escondida.
A primeira etapa a ser vencida é conseguir um pedaço de papel: uma requisição do exame. Quem fornece é um ginecologista. Mas ela não consegue nem agendar a consulta com o médico.
“Nós não temos "gineco" aqui. O clínico que encaminha para o ginecologista. Aí você vai passar por uma consulta clínica. E eles vão te dar um pedido. Vai para o SUS. Vai para um sistema ainda e dali para onde se vai conseguir uma vaga”, informa uma atendente
Por que é tão difícil marcar o exame? Essa demora poderia ser por falta de mamógrafos. Só que não é. Há no país duas vezes mais aparelhos na rede pública do que o necessário para fazer as mamografias. Mas na hora que precisam deles, as mulheres descobrem quantos obstáculos existem no caminho.
O Brasil tem 1.514 aparelhos que atendem ao SUS. Mas desse total, metade faz menos mamografias do que deveria. O indicado é que cada equipamento faça até 25 exames por dia, mas o número não chega a dez, segundo o Tribunal de Contas da União.
Há equipamentos sem operadores, embalados e sem filme. Segundo o Ministério da Saúde, quase 15% dos mamógrafos estão parados. Como um encontrado no Hospital Municipal da Piedade, no Rio. Uma peça foi roubada em janeiro e ainda não foi reposta.
Em Araguari, no interior de Minas Gerais, a atendente de uma clínica da prefeitura diz que o único mamógrafo da rede pública está guardado. “Nem tem a sala para poder instalar ele”, ela revela.
No posto de saúde, o produtor do JN confirma a falta que faz o equipamento, ao tentar marcar o exame para a mãe.
Produtor: Como que eu faço? Nenhum lugar?
Atendente: Não, pelo SUS, não.
A atendente ainda mostra a pilha de requisições que voltaram de uma clínica particular que perdeu o convênio com a prefeitura. “E quando for fazer, nós temos que dar preferência para esse povo aqui. Você pensa: só aqui deve ter umas duzentas e tantas. A ‘mamógrafa’ vai quebrar de tanta coisa que vai ter de fazer”, diz.
Na viagem que o Jornal Nacional fez a várias regiões do país, ficou claro que a má distribuição de mamógrafos é outro obstáculo no combate ao câncer de mama.
A maior parte dos equipamentos que atende pacientes dos SUS se concentra no Sudeste do Brasil. A maior carência é na Região Norte: o Acre tem apenas um mamógrafo em uso. Roraima tem dois aparelhos na rede pública. Eles estão na capital, Boa Vista, e ficaram parados por seis meses.
E se já é difícil para as mulheres da capital, o que dizer das que vivem no interior do estado, longe dos recursos? Rorainópolis fica a 300 quilômetros de Boa Vista e já bem perto do Amazonas. A longa distância dificulta a busca por atendimento médico e traz sofrimento às mulheres que precisam se tratar.
Com um nódulo na mama direita, Dona Iolete não encontrou recursos no único hospital de Rorainópolis, dois anos atrás. Retirou o seio em Boa Vista. O cuidado agora é com a mama esquerda que precisa de exames periódicos.
A equipe de reportagem acompanhou Dona Ioleti no trajeto de Rorainópolis até Boa Vista para mostrar um pouco dessa dificuldade do caminho até chegar para conseguir um exame de mamografia.
Não havia ônibus para Boa Vista e foi preciso pegar uma van. São 300 quilômetros de muito buraco no asfalto. “Se torna uma viagem cansativa. A gente já chega lá muito cansada”, conta Dona Ioleti.
São cinco horas de viagem. Ela já tinha feito o mesmo percurso na semana anterior, mas o exame não pôde ser marcado. O equipamento está finalmente funcionando, mas isso não é garantia de conseguir agendar a mamografia.
“Não queriam marcar agora. Aí eu tive que reclamar, dizer que era do interior para conseguir. A cada seis meses, eu tenho que repetir. Passar por tudo o que eu passei hoje para conseguir marcar um exame”, lembra.
Talvez um dia, algumas das agricultoras de Rorainópolis precisem fazer o mesmo caminho. A equipe de reportagem encontrou o grupo vendendo legumes e verduras em uma feira livre.
A agricultora Elisabete Araújo revela que nunca fez a mamografia: “Eu nunca tive a oportunidade e porque não sinto nada no meu peito”.
Longe dos médicos, Dona Maria de Fátima recorreu a um remédio popular na roça, sem eficácia comprovada pela ciência. “Eu coloquei foi folha santa e alguma banha para desinflamar meu peito. Remédio caseiro que eu coloquei no peito”, conta.
Em uma terra onde as mulheres se sentem abandonadas, elas seguem a vida do jeito que dá.
A Secretaria de Saúde de Araguari informou que está construindo uma policlínica, onde vai instalar o mamógrafo que está parado.
Sobre o aparelho que não está funcionando na cidade do Rio, a Secretaria de Saúde afirmou que já encomendou a peça, mas que ainda não chegou ao Brasil.
O Ministério da Saúde anunciou que até 2014 investirá R$ 4,5 bilhões em políticas de combate e tratamento do câncer de mama.

Inca divulga lista de recomendações para reduzir as mortes por câncer de mama

São 11 mil mortes por causa da doença a cada ano. O instituto têm como alvo mulheres de 50 a 69 anos, das quais apenas 50% têm acesso à mamografia.

O Instituto Nacional do Câncer divulgou nesta sexta-feira uma lista de recomendações para tentar reduzir o número de mortes causadas pelo tipo de tumor que mais mata mulheres no Brasil: o câncer de mama.
11 mil mortes por ano: são as vítimas do câncer de mama no país. O alvo do Instituto Nacional do Câncer são mulheres com idades entre 50 e 69 anos. Segundo o Inca, apenas 50% das mulheres nessa faixa etária têm acesso à mamografia.
A auxiliar de serviços gerais Glória Maria da Silva ficou muitos anos sem fazer o exame: “Se eu tivesse atenta cinco anos atrás, ou ouvido minha filha. Ela fala: “Mãe, vai se cuidar”, não teria tido esse problema”, conta.
E é justamente com mais informação, acesso rápido aos exames e ao tratamento adequado, que o Instituto Nacional do Câncer pretende reduzir a mortalidade de mulheres vítimas do câncer de mama.
O Inca formulou sete recomendações que podem fazer a diferença: acesso à informação sobre a doença; alerta aos primeiros sinais e sintomas; mamografia a cada dois anos para mulheres com idades entre 50 e 69 anos; controle de qualidade dos exames de mamografia; orientação para estimular a amamentação, o controle do peso e a redução do consumo de álcool; acompanhamento médico rigoroso da terapia de reposição hormonal; diagnóstico do nódulo encontrado na mama num prazo máximo de 60 dias.
Hoje, não existe limite de prazo para sair o resultado do exame laboratorial para saber se o nódulo é maligno ou benigno, o que pode complicar o estado de saúde da paciente: “Está comprovado cientificamente que, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhor a chance de cura, maior o tempo de sobrevida e melhor qualidade de vida”, diz o diretor geral do Inca, Luiz Antonio Santini.
Heloísa, que tinha medo do exame, perdeu a mama. Hoje, dá conselho: “Qualquer coisa que sinta, que desconfie, faça logo o exame”, diz.

Nasce menina sem pré-disposição para o câncer de mama e o de ovário

Nasceu, na Inglaterra, uma menina selecionada geneticamente para não ter pré-disposição para o câncer de mama e o de ovário. Na família do pai, havia vários casos de câncer de mama.

Ao gerar o bebê por inseminação artificial, os médicos escolheram um embrião que não possuía a mutação de um gene capaz de levar ao câncer em 80% dos casos. A identidade da família foi preservada pelos cientistas.
to-exame é o primeiro passo para o combate ao câncer de mama

De acordo com o Inca, todos os dias, o câncer de mama mata 27 brasileiras. A chance de cura dessa doença, quando diagnosticada no início, chega a 95%.
O número é do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Todos os dias, o câncer de mama tira a vida de 27 brasileiras. Não é só uma tragédia. É um absurdo, porque a chance de cura dessa doença, quando diagnosticada no início, chega a 95%.
Apesar de sentir um carocinho no seio, os primeiros exames nada revelaram. A psicóloga Marisa Ramos insistiu. Ela repetiu a mamografia e o ultrassom até confirmar: estava com câncer de mama.
“Temos que insistir para conseguir uma coisa muito melhor, uma imagem melhor, um diagnóstico melhor”, disse a psicóloga.
Casos como o de Marisa Ramos confirmam que a prevenção e o diagnóstico do câncer de mama não dependem só dos médicos. O combate à doença está, também, nas mãos das mulheres. Hoje, elas foram lembradas disso.
Postos de informação foram montados em sete cidades brasileiras. Quem passava tirava dúvidas e, em uma mama de borracha, sentia como são os nódulos suspeitos.
“Agora deu para sentir melhor como fazer o exame. Vou fazer, com certeza”, disse uma mulher.
A recomendação é de que toda mulher faça o auto-exame uma vez por mês depois da menstruação. A partir dos 40 anos, ou quando há casos da doença na família, é preciso fazer mamografia uma vez por ano, de preferência junto com o ultrassom.
Os médicos alertam, ainda, para a importância de se exigir os exames que determinam o tipo de câncer encontrado. No total, 25% das vítimas têm o tipo chamado HER-2 e muitas nunca ficam sabendo que o tratamento deveria ser diferente.
“O câncer do tipo HER-2 positivo é, por si só, uma doença muito mais grave do que o que for HER-2 negativo”, explicou o médico oncologista Arthur Melzymer.
A psicóloga Marisa Ramos já retirou e reconstruiu o seio atingido pelo câncer do tipo HER-2. Ela continua em tratamento, misturando remédios certos e esperança.
“Eu brinco sempre. Ninguém ganha a guerra sentada no sofá. Você tem que ganhar a guerra brigando”, afirmou.

28/10/2008

Campanha contra câncer de mama ilumina cidades

O câncer de mama é a principal causa de morte de mulheres no Brasil. Uma campanha para prevenir a doença iluminou o Cristo Redentor, no Rio, e vários outros monumentos e prédios do país.
O câncer de mama é a principal causa de morte de mulheres no Brasil. Uma campanha para prevenir a doença iluminou o Cristo Redentor, no Rio, e vários outros monumentos e prédios do país.

A cor tão feminina veste construções em Curitiba, Brasília e Porto Alegre. É um chamado para as mulheres não entrarem na estatística que prevê cerca de 50 mil novos casos de câncer de mama neste ano no Brasil.

O foco da campanha são os exames preventivos. Porém, menos de 30% das brasileiras acima dos 40 anos fazem a mamografia todos os anos. “Eu demorei bastante, não me ligava nisso não”, conta a empregada doméstica Inácia Ferreira.

As mulheres que participam da campanha concorrem a um brinde que ajuda a explicar a importância dos exames. Um colar, com bolas de vários tamanhos, representam os tumores que ocorrem nos seios. Quando faz o auto-exame, a mulher pode notar os tumores maiores. Já os tumores menores, somente uma mamografia consegue detectar.

“O que precisa aumentar é o número de pacientes que começam o seu tratamento com tumores por volta de um centímetro, que é quando a gente tem as maiores oportunidades de cura, em aproximadamente 90% dos casos”, explica o médico oncologista Gilberto Amorim.

A empresária Líbia Maciel descobriu que tinha a doença há dez anos. “Converse com o médico, se esclareça. Isso é importante”, ela aconselha.

A analista financeira Sônia Magalhães, que teve câncer de mama há três anos, resume em uma palavra a felicidade que sente hoje: “Curada”.

O Cristo Redentor também está cor-de-rosa. Entre nuvens pesadas, brilha esta noite com as luzes da prevenção e da cura.

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